quarta-feira, agosto 18, 2010


Não vou morrer. Quero ser arrastado pela chuva, quero dormir entre as pálpebras em cada estado da minha alegria. Diante do mar que conheço deixo meus velhos livros mordidos pelo ódio. Quero estar na vida com os pobres, como uma roupa que me espera. Renasci muitas vezes, não tenho parcela no céu e nem um lugar no inferno. Vivo no mundo da Lua, com estrelas à minha altura e uma realidade desenhada. Quando me apaixono, sinto gosto de maça na boca e um leve amargo no estômago. Não vou morrer. Quero ser arrastado pelo vento quero falar com a minha mudez em cada estado da minha tristeza. Diante do abismo que conheço deixo meus sonhos ceifados pelo medo. (Eduardo Bruss)

quinta-feira, agosto 12, 2010



Nasce a cada minuto uma bandeira, hasteada a meio mastro, em sinal de luto do afeto morto.

Haraquiri;
Assim rasguei meu ventre e dele nasceu o ódio.
Todo sangue escorrido lavou minha alma e meu corpo adormeceu.
O fato de ser jovem me trouxe a esperança.
O ódio cessou, a tempestade cessou e um cheiro de terra molhada deixou minha boca cheia d'água, com vontade de comer tijolo.
Não sou pagão, fui batizado ao vento, onde a brisa me amadrinhou.
Hoje tenho fé na natureza, mesmo devastada como meu íntimo.
Eu sou natureza morta, pintada por mãos cansadas e trêmulas.
Saiba que todos que me mataram, que pagarão com amor, essa cruel sentença perpétua.
(Eduardo Bruss)