segunda-feira, agosto 22, 2011

Grande ferida, manancial quente cicatrizando minha dor, numa arca de cólera acesa. Não vai ser a última onda a me afogar, me afogarei num mar calmo feito de lágrimas salgadas. Não esquecerei a hostilidade das suas costas largas voltada para mim no nosso naufrágio, essa será a honra sagrada do meu novo amanhecer. Recordarei dos sonhos que trazia despedaçados pelo tempo em sua poesias nuas sobre a mesa. Hoje vejo uma nudez muda, castigada pelo frio das suas ácidas palavras, corroendo não a mim mas sua mente fértil de banalidades. Não estou mais sozinho, tenho a música que sopra como vento nos meus ouvidos. Nem estou mais cego, vejo bem dentro dos seus olhos um deserto que o matará de sede. Escute o vento, sinta uma centelha de amor brotar da sua alma. Você é meu corpo e eu sua alma. (Eduardo Bruss)

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