terça-feira, agosto 16, 2011

Nada mudou, os móveis no mesmo lugar empoeirados pelo tempo, deixa claro que nada mudou. Uma vertigem me tomou de rosa, mar sem rosas, mar morto. Quem fui e quem eu sou? Eu não sou mais música, nem poemas de trovas. Sou a prova, sou a cova. Nada mudou, mas eu não sou mais o mesmo. Sou ternura e amargura, sou a solidão a dois. Sua morte foi um silêncio que dividiu a minha vida em dois.  Hoje o ar vazio já não chora e nem implora, ele susteve a mão que caiu de repente da altura do tempo, espalhando sílabas embaralhadas e indecifráveis. Nada mudou, mas minha permanência é de pedra e de palavras, minhas pálpebras se fecharam cheias de ásperos muros, povoadas de castelos. (Eduaro Bruss)

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