Nada mudou, os móveis no mesmo lugar empoeirados pelo tempo, deixa claro que nada mudou. Uma vertigem me tomou de rosa, mar sem rosas, mar morto. Quem fui e quem eu sou? Eu não sou mais música, nem poemas de trovas. Sou a prova, sou a cova. Nada mudou, mas eu não sou mais o mesmo. Sou ternura e amargura, sou a solidão a dois. Sua morte foi um silêncio que dividiu a minha vida em dois. Hoje o ar vazio já não chora e nem implora, ele susteve a mão que caiu de repente da altura do tempo, espalhando sílabas embaralhadas e indecifráveis. Nada mudou, mas minha permanência é de pedra e de palavras, minhas pálpebras se fecharam cheias de ásperos muros, povoadas de castelos. (Eduaro Bruss)
terça-feira, agosto 16, 2011
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