quarta-feira, julho 13, 2011

Arrumei a comida, mas minha cara não agradou. Então perdi o sentido e acordei no chão nu, com um lençol molhado sobre meu corpo. Não rezei ao meu Santo Homem e nem o beijei com paixão. Apenas senti seu cheiro de recém chegado do trabalho. E, com o lençol molhado que cobria meu corpo, limpei sua face. Seu suor ficou marcado no tecido como as marcas do tempo, com os dias, meses e anos vividos sem união.
O que tínhamos em comum era o sexo, não feito, mas sim postado na identidade. Idades distintas, sentimentos velados. Com muita dificuldade me ergui e com muita facilidade ergui meu copo e brindei por um dia a menos da minha vida. Reuni todas as minhas dores e não chorei, olhei ao lado e vi seu corpo estendido, olhando fixo para o nada. Eu estava invisível naquela hora e todas às minhas palavras foram dirigidas ao vento, então percebi a chuva que molhava a cortina. Fechei a janela, fechei a porta e deitado ao seu lado fechei meus olhos. (Eduardo Bruss)

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