sexta-feira, outubro 14, 2011

É difícil suprir alguém quando suas tulhas estão vazias. O único suprimento que ainda carrego comigo é o oxigênio que respiro, mesmo assim, com a minha alta altitude do estado de nervos, o ar que respiro encontra-se rarefeito. Todas às vezes que você me pede para supri-lo eu me suprimo, degolo minha voz presa na garganta e rego minha vida com lágrimas desidratadas. O QUE REALMENTE VOCÊ QUER DE MIM? - Não há mais o que te dar além das minhas falanges, além dos meus dedos e das minhas mãos. Sem minhas mãos não poderei afagá-lo das suas frustrações e nem banhá-lo nos seus devaneios e delírios. - O QUE EU QUERO DE VOCÊ? - Nada, você não me permite a isso, não escolho, sou escolhido como roupas guardadas em gavetas, que sempre tenta esconder sua nudez de valores, que não existem. Não tenho mais a palavra e nem o domínio sobre sua pessoa. O que me restou foi apenas a escrita com mãos trêmulas, que tento esboçar nos meus sonhos. Há quanto tempo você não me vê completamente nu? O que há de errado com a minha nudez? Meu corpo é perfeito, com marcas e cicatrizes deixadas pela sua estupidez. Vivemos em dois planos distintos. Para você eu não sou mais físico. Sou um fantasma que não assombra. Por isso, não me peça mais para supri-lo, não sei mais como fazer isso. Não sei mais o gosto da sua boca, não sei se você é realidade ou apenas uma obsessão que me permeia. Na verdade não sei mais quem eu sou... (Eduardo Bruss) -  Trecho do Romance da Lamparina 

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