segunda-feira, outubro 10, 2011

NATURAL

Natural, assim se fez sua partida, fingi que sorria, enquanto uma tempestade de lágrimas me inundava por dentro. Ao ver seu avião partir, percebi que eu também precisar alçar voo, tomar um rumo na minha vida e deixar de viver o que estava concretamente acabado. Acreditamos em tudo quando estamos completamente sós , a gente se ilude com qualquer vã esperança imaginada. No caminho de volta, ouvi mais uma vez a "nossa" música, aquela que só eu curtia. Sem perceber embriagado pelos pensamentos já estava a 140km/h, o vento batia em meu rosto e secava minhas lágrimas que escorriam. Fiquei imaginando por que só eu chorava. Ninguém havia morrido por que então carrear um luto dentro do peito? Parei no acostamento e acendi um cigarro. Contei quantos carros vermelhos passaram na estrada, foi quando percebi que o dia já havia terminado e a noite começava a cobrir o céu. Ao chegar em casa, tomei um banho demorado, tomei uma dose de vodka e tomei o que me era de direito, tirando todas as nossas fotos dos porta-retratos. Fiz da nossa casa algo minimalista, removendo tudo o que me lembrava você. Só não conseguir apagar aquela poesia da Adélia Prado - Amor feinho, que estava escrita na parede com esferográfica. Eu quero amor feinho... (Eduardo Bruss)

Nenhum comentário:

Postar um comentário